terça-feira, 19 de setembro de 2017

INTERVENÇÃO GAY

Hoje testemunhamos um retrocesso na cultura brasileira. Um juiz legitimou uma "cura gay".
Abriu-se, desta maneira, o precedente legal de voltarmos ao tempo dos discursos que advogavam que um homossexual não era um Sujeito. 
Assim, novamente neste país, um homossexual é um mero indivíduo, acometido de uma doença.
Escolher a Vida, nesta situação, é arcar com todo o peso do preconceito, da exclusão e, principalmente, com o julgamento de que a minha sanidade, cultura e visão de mundo carecem de uma intervenção.
Hoje, como no passado recente, aos olhos da Psicologia e do Direito, eu sou um marginal, que leva uma vida anormal: agora, sob o viés dessas áreas de conhecimento, estou com a sanidade comprometida, com orientação sexual deturpada e, consequentemente, sou um praticante de atos de perversão: eu sou gay.
Para escolher a Vida, é preciso lidar com a transformação, desinência material da Morte. Explico: Se todos mudassem um pouco a forma de ver a Existência, talvez entendessem razoavelmente que estamos todos morrendo aos poucos, desde o momento em que nascemos. O maior câncer - a maior doença, incurável - que lutamos diariamente, é o Tempo. Uns têm mais, outros menos, por razões diversas.
Vendo assim, prego a liberdade: que as pessoas possam optar como vão seguir morrendo, enquanto têm tempo de viver. 
Um doente, como Pessoa, tem o direito de escolher seu tratamento: isso define a sua Humanidade.
Se doença é sinônimo de pouca saúde, escolho viver com a desinência da morte social, biológica e legítima. Escolho ser gay e recuso tratamento.
É tão difícil e desagradável se sentir deslocado do contexto que emerge, que espero não desistir de viver.


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