sexta-feira, 30 de outubro de 2009

DE QUE A DANÇA CONTEMPORÂNEA É CONTEMPORÂNEA?

PALESTRA COM ISABELLE LAUNAY, NA ALIANÇA FRANCESA, EM RECIFE (PE)
SÁBADO, 31/10, 17h.
É certo que vivemos hoje em dia em 2009, somos nós, no entanto, contemporâneos das mesmas coisas? Se olharmos mais de perto, apesar da circulação globalizada dos gestos em dança, nós não somos todos contemporâneos das mesmas realidades.

Nós evocaremos como, no contexto francês, o campo coreográfico organiza a sua contemporaneidade econômica, pedagógica, estética. De início, como ele se adapta, não sem dificuldades e resistências, a uma política cultural liberal (a economia dos projetos coreográficos seria contemporânea às lógicas de mercado?);

Em seguida, como ele se esforça para construir uma convergência entre lógicas de criações contemporâneas e lógicas de formações em dança (a escola de dança é contemporânea aos projetos de criação? E como ela reinventa seus clássicos?). Enfim, como a presença do dançarino em cena é testemunha dos conflitos, das relações de força, impasses e prazeres do nosso hoje em dia? Que gestos ela privilegia e que gestos ela exclui?

Estas são algumas hipóteses a partilhar, seguidas de um debate com os participantes.

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Isabelle Launay, professora doutora e co-diretora do departamento de dança da Universidade de Paris 8 Saint Denis (França). Autora dos livros "À La Recherche d’une Danse Moderne", "Entretenir: a Propos D'une Danse Contemporaine" co-escrito com Boris Charmatz e "Danse et utopie", entre diversos outros artigos publicados em revistas especializadas.
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Sábado 31/10 às 17h
Local: Aliança Francesa Rua Amaro Bezerra 466 Derby. Recife - PE.

Ação desenvolvida em parceria com o 14º Festival Internacional de Dança do Recife.

*Conferência em francês com tradução em português.
www.articulacoes.com

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O CASTELO

“O Castelo” é o nome do novo espetáculo da Paralelo Cia. de Dança (João Pessoa – PB). O projeto teve subvenção da FUNARTE e tem estréia no dia 2 de outubro de 2009, no Theatro Santa Roza, em João Pessoa, cumprindo temporada até o dia 18 de outubro, sempre as sextas, sábados e domingos, às 20h.
“O Castelo” é inspirado no romance homônimo do escritor tcheco de língua alemã Franz Kafka, escrito em 1926.
Tratando de um universo impessoal, envolto numa atmosfera burocrática, “O Castelo” é uma obra que cabe ser revista e repensada nos dias de hoje, dada a situação pós-moderna em que nos encontramos, com seus entraves e obstáculos administrativos e burocráticos que tanto estressam a vida cotidiana, afetando o indivíduo. No entanto, não se busca uma transposição literal da obra de Kafka para o universo da dança contemporânea.
“O Castelo”, da Paralelo Cia. de Dança, com direção artística e de pesquisa coreográfica de Arthur Marques, baseia-se nas impressões pessoais e interpretações subjetivas da leitura da obra pelas pessoas que fazem parte do elenco do espetáculo, em especial Joyce Barbosa, Lília Maranhão e Vanessa Queiroga (bailarinas) e o músico Erick Almeida, que compõe e executa a trilha original do espetáculo ao vivo.
A iluminação de “O Castelo” é assinada por Fabiano Diniz, que se inspira em formas retangulares e poucas cores, cortes abruptos e luzes indiretas – com muitos chases - para atingir um resultado funcional, fragmentado e anacrônico, ao mesmo tempo, com inspiração expressionista e minimalista para pontuar a idéia do pesadelo da burocracia que afeta o indivíduo na atualidade e que permeia toda a pesquisa coreográfica do espetáculo.
O figurino é idealizado por Arthur Marques e Joyce Barbosa, com inspiração na Renascença francesa e na formalidade dos ternos, paletós e tailleurs. O preto mesclado com transparências de rendas de tons pastéis é uma proposta que segue também uma proposta de trabalhar com uma dualidade de gênero, com elementos masculinos e femininos em uma mesma peça de figurino.
“O Castelo” tem como forte base da pesquisa a palavra “caminho”: a busca por um “castelo pessoal” (representado cenograficamente por cadeiras) - uma metáfora para simbolizar uma busca do indivíduo na pós-modernidade por um “lugar ao sol”, pela realização profissional e pessoal, dificultados pelo turbilhão da loucura da vida urbana a que somos submetidos, muito por conta de um tempo fugaz e acelerado, do estresse, das difíceis relações impessoais no trabalho e na vida.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

INCÔMODOS DE VIRGINIANO

Porta-retrato sem foto
Poeira no móvel
Lâmpada queimada
Banheiro sem tranca
Vaso sem flor
Chiclete na sola
Roupa amarrotada
Som de goteira
Meia rasgada
Falta de cor, de espaço e de ética.
Mesa em falso
Prego que dobra
Falar sem medida
TV ligada pra nada
Cama desfeita
Toalha molhada
Fogão sujo
Limão espremido com corte no dedo.
Calo sem band-aid
Janela sem vista
Lençol tomado
Não dormir pensando
Azulejo sujo
Unha encravada
Mal estar de ansiedade
Cabelo na pia
Avião lotado
Comentário sem noção
Criança chorando,
Acordar chorando,
Chorar sem motivo e por quem não merece.
Telefone tocando
Calça frouxa
Suar de tensão
Lembrar de quem se esquece.
Sair sem rumo
Cuspe no chão
Viver em dúvida
Curva no ônibus
Ver vômito
Esconder segredo
Perder documento
Sofrer por amor.
Engolir sapo
Chegar atrasado
Esperar resultado
Perfume ruim
Esquecer nome
Amizade não sincera
Fazer conta
Resposta não dada
Febre somática
Desligar despertador
Quadro torto
Angústia de espera.

SÓ O TEMPO MELHORA...

Ferida inflamada
Queda de cabelo
Fora de moda
Relógio parado
Saudade de entes queridos distantes, ausentes.
Queijo e vinho
Inteligência e medida
Relação e confiança
Esquecimento e distância
Desprendimento, desculpa, desentendimento, desgosto, desânimo, desordem, demência...
...Distância e
Experiência.
Relíquia,
Livro,
Documento.
Foto feia
Cintura mal feita
Ronco do motor
Sombra na piscina
Idade escondida
Maré cheia.
Alcoolismo
Raiva
Lagarta
Doença, tristeza, amor, gentileza.
Estragado,
Bolor,
Mofo,
Cupim.

sábado, 4 de julho de 2009

DANÇA CONTEMPORÂNEA NO TEATRO EDNALDO DO EGYPTO


Dança Contemporânea com Arthur Marques
A partir de 16 anos.
Nível intermediário (prévio conhecimento de dança).

no Teatro Ednaldo do Egypto
Av. Maria Rosa, 284, Manaíra, João Pessoa - PB
Terças e quintas, 19h às 20h30min
Investimento: 50 reais
Início: 14 de julho (terça)

Informações:
arthur_marques@yahoo.com.br

domingo, 14 de junho de 2009

ALGUNS NOVOS VELHOS AMIGOS

Tiram-me o sono. Cansam-me. Mas, às vezes, até durmo com eles. Ou em cima deles.
Gosto de alguns, de outros, nem tanto. Mas, são importantes, mesmo assim.
Algumas vezes, me fazem espirrar. Mas, tem também aqueles que cheiram bem.
Muitos estão "online" o tempo todo. Outros são difíceis de encontrar.
Uns, são um verdadeiro enigma. Não os enxergo bem, mas me esforço. Outros são inexpressivos. Alguns, até bonitos, interessantes.
Têm os muito grossos, e os finos e com muito conteúdo.
Tem uns que andam com cada "figura"...
E os solitários: velhos... Românticos, filosóficos, políticos, cheios de ciência, cheios de novidade...
E tem os especialistas. Documentam tudo.
E, claro, tem também os equivocados. Mas, me divertem, mesmo assim.
Tem uns com tanta personalidade que são copiados. Geralmente, são aqueles que não se deixam comprar: pelo menos, facilmente.
Confesso que eles são parte da minha história. Mas, da sua também. Outros, contam muita história.
Alguns são sobre arte. Alguns de “dança”. Outros, nem tocam no assunto. E eu é que tenho que me virar pra que eles conversem. Dá trabalho. Por isso, algumas vezes, fico chateado, cansado e reclamo com eles. Mas... Não consigo viver sem eles. Aliás, acho que ninguém. Por isso cuido e trato bem.
Por causa deles, sou alguém, a cada instante, mais sábio que no instante anterior, a cada página virada.
Livros...

sábado, 13 de junho de 2009

FÓRUM DE DANÇA DE JOÃO PESSOA


Encontro do Fórum de Dança de João Pessoa e Movimento Dança Recife: aconteceu este sábado, das 9h às 18h, no auditório verde do Espaço Cultural da Paraíba.
Participação de profissionais de dança de João Pessoa e de Marília Rameh, uma das coordenadoras do Movimento Dança Recife.
O encontro objetivou a troca de expriências entre os dois núcleos de discussão em dança dos dois Estados, além do conhecimento da experiência do Movimento Dança Recife. Através da apresentação da experiência do Movimento Dança Recife, a coordenação do Fórum de Dança de João Pessoa traçou encaminhamentos para futuras ações/ projetos.
O Fórum de Dança de João Pessoa estará presente em reunião marcada com o atual presidente da FUNESC - Fundação Espaço Cultural da Paraíba, marcada para segunda-feira, 15 de junho de 2009, às 18:30, no auditório verde da FUNESC. Aproveitado a oportunidade, o Fórum de Dança de João Pessoa apresentará ao Sr. Maurício Burity como o Fórum está etruturado e quais são os atuais projetos que pretende realizar, visando o apoio da FUNESC ede outras entidades particulares e públicas como o SEBRAE, o SESI, o SESC, entre outras.
A coordenação do Fórum de Dança de João Pessoa convida todos os profissionais de dança de João Pessoa a comparecerem a essa reunião, e que tragam seus projetos para que possam ser encaminhados para a Fundação Espaço Cultural da Paraíba.
Cadastre-se no Fórum de Dança de João Pessoa para conhecer melhor esse movimento dos profissionais de dança da cidade de João Pessoa através da homepage:


quinta-feira, 28 de maio de 2009

DANÇA E IDENTIDADE NACIONAL: UMA IMPLICAÇÃO POLÍTICA

IMPLICAÇÕES POLÍTICAS NA DANÇA: IDENTIDADE NACIONAL E A FASE “AMERICANA” DE MARTHA GRAHAM

Esp. Arthur Marques de Almeida Neto

RESUMO
Relações entre trabalhos de dança e políticas nacionalistas estão apresentadas nesse artigo. São tomados como exemplos dessa aproximação alguns trabalhos de balé da corte da Renascença francesa (séc. XVIII) do reinado de Luís XIV e da chamada “Dança Moderna Americana” das décadas de 1930 e 1940. Destacamos a produção do balé “Appalachian Spring”, de 1944, último trabalho da fase “Americana” da coreógrafa Martha Graham. Em ambos os contextos históricos, verificamos a questão da reafirmação de uma identidade nacional através da narrativa de uma nação e a arte da dança servindo com instrumento político para questões de poder de Estado.

Palavras-chaves: dança; política; identidade nacional; dança moderna americana; Martha Graham.

(Trabalho apresentado no V ENECULT, Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, em maio de 2009).

V ENECULT - SALVADOR (BA)

Local do Evento: Reitoria e Faculdade de Comunicação da UFBA
Período: 27 a 29 de maio de 2009
Para maiores informações: cult@ufba.br +55 71 3283 6198

Mesas redondas e palestras do V Enecult serão transmitidas via web
Quem não puder comparecer ao evento terá acesso a uma das partes mais esperadas da programação.

Os pesquisadores, profissionais e demais interessados no tema da cultura que por algum motivo não puderem comparecer no Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, nas manhãs dos dias 27 a 29 de maio, poderão contar com uma opção para acompanhar os debates. Nesta edição do V Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – V Enecult, a parte mais concorrida da programação do evento será transmitida, em tempo real, no site do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, o Cult. O endereço para acesso é o <www.cult.ufba.br>. Durante os três dias de evento serão realizadas palestras, mesas-redondas e lançamento de livros. Também serão apresentados durante o V ENECULT cerca de 250 trabalhos multidisciplinares, entre apresentações individuais e mesas coordenadas, originados de dezessete estados brasileiros e de outros três países da América Latina, selecionados dentre mais de 450 propostas.

Para ver a programação das comunicações e mesas coordenadas (período da tarde), acesse o link:

<http://www.enecult.ufba.br/layout/padrao/azul/venecult/prog_final.pdf>

XI FÓRUM NACIONAL DE DANÇA - RECIFE (PE)



A Associação Fórum Nacional de Dança realizou, nos dias 15, 16 e 17, na cidade de Recife/PE, o XI Fórum Nacional de Dança, encontro que teve como pauta o tema: “Plano Nacional da Dança” e a “Lei da Dança”.
O objetivo, entre outros, foi expandir a atuação do Fórum, que já conta com representação em todas as Regiões do Brasil, ampliando ainda mais estes representantes por Estado e proporcionando o desenvolvimento da discussão de assuntos pertinentes à dança.

DIRETORIA EXECUTIVA DO FÓRUM NACIONAL DE DANÇA
Angela Ferreira (RJ), Dulce Aquino(BA),
Márcia Strazzacappa (SP), Angel Vianna (RJ),
Marília Rameh (PE), Marise Siqueira (RS), Rosa Coimbra (DF)

Contatos: (81) 3224.1482 / 8704.1746

quarta-feira, 4 de março de 2009

SEMANA UM - Escola de Dança da UFBA

ESCOLA DE DANÇA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
PROGRAMAÇÃO DA PRIMEIRA SEMANA DE AULAS 2009


Segunda Feira, 02 de Março

8:00 às 9:30 Abertura com o D.A, a Direção e o Representante Estudantil da Pós-graduação; Chefes de Departamento; Coordenadores de Colegiados (Grad/Pós-Grad).
10:00 às 13:00 Aula inaugural (transmitida via web) de Michel Maffesoli

Terça-feira, 03 de Março

8:00 às 10:30 Oficinas
11:00 às 13:00 Apresentações: al1- Aldren Lincoln / Cookie – Núcleo Vagapara (foyer) / Entrada ao preço da razão – Isaura Tupiniquim
18:00 Cine Dança Comentado com Tiago Ribeiro (graduação) e Isabel Souza (pós-graduação) (Escola de dança)
19:00 Apresentações de trabalhos de performance, instalação,etc. (Escola de Teatro)

Quarta-feira, 04 de Março

8:00 às 10:30 Oficinas
11:00 às 13:00 Apresentação de projetos de pesquisa e extensão
16:30 às 18:30 Mesa de discussão: Movimento estudantil, integração das artes e ENEARTE (Escola de teatro)
19:00 Apresentações de trabalhos de performance, instalação,etc. (Escola de Teatro)

Quinta-feira, 05 de março

8:00 às 10:30 Oficinas
11:00 às 13:00 Novas organizações em grupo (Quitanda, Grupo GO, CoMteMpu’s, TeiaMuv e Núcleo Vagapara)
Mediadora: Isabelle Cordeiro
18:00 Ato publico: integração das artes (cortejo e confraternização na escola de musica)

Sexta-feira, 06 de Março

8:30 às 10:30 Oficinas
11:00 às 13:00 Apresentações: Estudos para Cabide – Jorge Oliveira (Núcleo Vagapara) / A outra metade do céu - Cia de Jazz Marcia Oliveira
13:00 Feijoada
17:30 Baba
19:00 Confraternização Integrada dos Estudantes de artes

Oficinas pela manhã das 8:00 às 10:30 (a partir da terça)

· Cia de Jazz Márcia Oliveira - Jazz
· Dandara Baldez – Figurino
· Tiago Enoque – Aula contemporânea de acrobacia: dança aérea em tecido (ter a quin)
· Miliane Matos – Noções básicas de iluminação e manutenção do teatro. (qua a sex)
· Jorge de Paula – Danças Populares Tradicionais do Nordeste
· Líria Morays – Experimentos, interação cênica entre dançarinos (ter e sexta)
· Arthur Marques - Oficina de Composição Coreográfica

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Considerações sobre a Intimidade em dias Contemporâneos

EXTRAÍDO DE (LINK)


Escrito por Paulo Milhomens
01-Jul-2008


A afetividade humana enquanto individualidade(s) pressupõe um conjunto interdependente em suas práticas, espaços e ações. Cada ser é uma plenitude de processos, descobertas e possibilidades. Isso significa compreende-la por afectividades conjuntivas de um quebra-cabeça.
Um processo criativo. Uma partida de xadrez que pode levar anos para ser concluída.
Da mesma forma, a sexualidade humana não é uma verdade absoluta, tão-pouco adequadamente “fiel” a manuscritos, teses ou verdades científicas.
Nestes conturbados tempos “modernos” de “contemporaneidade”, achamos rentável a quebra de conceitos. Estabelecemos a diversidade como o óbvio nos interessantes discursos científicos existentes. Pergunto onde colocamos tantas necessidades de justificativas afirmativas sem buscá-las verdadeiramente?
Até onde a coerência de objetar uma dinâmica sócio-cultural pode configurar uma naturalidade do ser e estar, conforme a época? Ao passo que somos tão neuróticos, não podemos negar uma hipocrisia latente em exigir a criação de novos tipos sociais. Evidentemente, como preocupação inicial, perguntaria: quero a busca pelo afeto?
Evidenciar a dicotomia entre sexualidade e afetividade como processos, buscas humanas distintas é nossa meta. Há muitos fatores interessantes aí, tanto da ideia clássica do que vem a destacar intimidade ou o íntimo na história, no imaginário ocidental cristão.
Está associando numerosas passagens etnográficas, psicologizantes? Creio que sim.
Uma miríade de palavras foram escritas a respeito. Enfim, qualquer pessoa pode ser o que quiser desde que sua percepção esteja longe do “óbvio”. Talvez, longe de uma teoria cientificista pragmática. Ademais, a lógica do ser passa por sua tão esperada catarse: “Vivemos uma profunda metamorfose do vínculo social, caracterizada pela saturação da identidade e do individualismo epistemológico que lhe é expressão. A realidade do tribalismo está aí, ofuscante, para o bem e para o mal. Realidade incontornável, não limitada a uma área geográfica particular e que ainda não foi devidamente considerada, donde a premência de pensá-la (MAFFESOLI, 2007, p.17)”.
Pequenos encontros, grandes negócios (garotos e garotas de programa, travestis) em recortes urbanos. Reagrupamentos em outros meios sinalizam que o prazer simultâneo está, a cada dia, mais causticante.
Telejornais exibem misoginias, anti-semitismos, xenofobias e homofobias. As mentes protofascistas ainda reforçam o enclausuramento psíquico como proposta “adequada” de afastar o habitus improbum nesta neurose repetitiva que denominamos civilização ocidental.
Tradicionalismos repercutem sua intransigência em novos discursos: carismáticos descolados, neoyuppes e toda a sorte de modismos instantâneos. Relembrando Agenor Miranda, o Cazuza, em sua canção “O tempo não pára”, teremos um “museu de grandes novidades” como consequência de uma modernidade questionável à sua proposta incertiva, plural, democrática: “Os modos de vida colocados em ação pela modernidade nos livraria, de uma forma bastante inédita, de todos os tipos tradicionais de ordem social. Tanto em extensão, quanto em intensidade, as transformações envolvidas na modernidade são mais profundas do que a maioria das mudanças características dos períodos anteriores. No plano da extensão, elas serviram para estabelecer formas de interconexão social que cobrem o globo. Em termos de intensidade, elas alteraram algumas das características mais íntimas e pessoais de nossa existência cotidiana (GIDDENS, apud Hall, 2001, p.16)”.
Ou ainda, pela reflexão de Luiz Mott: “A crítica feminista e os estudos de gênero contrapuseram a repressão vitoriana do dever conjugal ao orgasmo múltiplo, o erotismo vaginal pelo clitoriano, a ausência de paixão pelo entusiasmo da amante liberada. Sexualidade e gênero se deram as mãos. Várias correntes do pensamento contemporâneo compartilham o mesmo approach do construcionismo social, enfatizando o papel ativo do sujeito guiado pela cultura, na estruturação da realidade social. Trata-se de uma perspectiva endogênica, em oposição ao empirismo e ao positivismo, que enfatizam a existência objetiva e realidade dos temas do inquérito científico numa perspectiva exogênica (MOTT, 2007, p.67)”.
Surge o confronto corpo-biológico e mente-sexualidade, nessa interessante ambivalência dos modos de vida. O fato é que não devemos alardear uma teoria do caos a respeito do ser através da cultura. Especulo que, ainda sob influência do século XX, temos uma necessidade de instrumentalizar as sexualidades, distante de uma lógica sensível, pouco ligada aos desejos recônditos.
O mundo oriental possui a Ars Erótica vista por Foucault (1993), com sua inclinação ao cultismo do elemento divinal, metafísico com deuses detentores de uma outra ordem psicológica, espiritualista sobre o corpo, em outro viés. O certo é que no ocidente a mecanização da sexualidade nos séculos XVIII e XIX – com a supressão da ditadura vitoriana que incriminou Oscar Wilde – tornou-se ardiloso reflexo para os primeiros positivistas europeus. Dessa forma, nas estruturas de poder e controle, o desejo é o crime.
Durante muitas décadas, ter pensado os diferentes desejos humanos como uma manifestação estruturalizada e distante da percepção complexa de suas experiências cotidianas e antigas foi algo marcadamente negativo.
Espacialização, urbanismo, exogamia, poligamia, endogamia, monogamia, pluralidade de sensações entre outros, não serão vistos aqui como “fenômenos” sociais. Se a academia demorou a render-se aos estudos do íntimo, teremos a cumplicidade e a coragem de sensibilizar-nos às transformações da mente através da história.
O tempo e a fala (do falo) são cúmplices dos desejos, do consumo e das curiosidades. Talvez não seja tão desconcertante assim falar da intimidade e do afeto. Pasini (1996) chega a defendê-la como algo para além do sexo. Perceberemos grandes metrópoles (ou não) que os discursos prontos acerca do corpo-biologia se afastaram da relação mente-sexualidade.
Na grande crise das identidades, vindas para tentar resolver o interminável problema das “categorias” de gênero, agora demonstram curiosa perda de vitalidade. Ainda estamos no prelo para que novas interpretações epistemológicas apareçam na simples idéia de aftividade. O desejo deve ser entendido do ponto de vista da história da intimidade. O afeto torna-se o conjunto complexo e operador de todo essas vivências sociais. “Na ciência, a pertinência das explicações sobre fenômenos estritamente delimitados se liga ao âmbito das condições definidas para a investigação e dificilmente permite a compreensão de fenômenos que estão no limite das condições definidas ou que as ultrapassam (ALMEIDA, 2004-2005, p.137)”.
Mas em toda essa delonga, onde se encontra o território dos afetos, da intimidade? Falamos há pouco da comercialização. Sim, determinados espaços de sociabilidade ainda são relegados ao risco social.
As prostitutas tornaram-se profissionais do sexo e foram inseridas nas Ciências Sociais como grande novidade. Hoje se atribui caracteres culturais reinterpretando o uso dos prazeres por essas mulheres na vida contemporânea. Em determinadas situações, essa válvula de escape sexual adquire conduta terapêutica por parte de quem as usa.
Os reflexos de um lar em contínua crise, estimula novos mecanismos de se ter intimidade nos prazeres da vida. Surgem as novas afetividades – ora guardadas ou recalcadas em nós mesmas (os) – , e a necessidade afirmativa das neo-afetividades se faz presente, como atesta Giddens (1994), na chamada crise das tradições.
Agora, com uma simbologia feminina colocada a primeiro plano, o macho em crise e as novas possibilidades surgidas no campo da experimentação erótica, afetiva, a intimidade torna-se não mais uma coadjuvante impertinente aos “notáveis” desdobramentos e descobertas da ciência, mas motivo urgente de questionarmos o modelo ocidental de vontade imposta ao longo de milênios, a manipulação de seu uso, contrastando com a plasticidade de nossa época.
Resta-nos começar a repensar os valores a qual estamos transformando e expondo no século XXI. Práticas só agora notadas e relevadas nos obrigam a projetar um novo modelo para a educação humana sobre os estudos de sexualidades, gêneros em suas devidas intimidades e afetividades.
O caminho pode ser árduo, mas necessário, no sentido de novas lutas culturais afirmativas – como por exemplo não privar os instintos humanos de suas necessidades particulares aos olhos da “conduta padrão”. Isso também significa falar e buscar a tão sonhada felicidade em nosso íntimo.


Referências

Almeida, Maria da Conceição de (2004-05), “Novos contextos das Ciências Sociais”, Cronos – Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vol. 5-6, nº1-2, Jan-Dez.
Foucault, Michel (1993), História da sexualidade. (vol.1): A vontade do saber. Rio de Janeiro: Graal.
Giddens, Anthony (1994), As transformações da intimidade. São Paulo: Editora UNESP.
_______ (1991), As consequências da modernidade. São Paulo: Editora UNESP.
Hall, Stuart (2001), A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A.
Maffesoli, Michel (2007), “Homossocialidade: da identidade às identificações”, Bagoas, Estudos Gays – Gêneros e Sexualidades. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, vol.1, nº1, Jul-Dez.
Mott, Luiz (2007), “Antropologia, teoria da sexualidade e direitos humanos dos homoafetivos”, Bagoas, Estudos Gays – Gêneros e Sexualidades. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, vol.1, nº1, Jul-Dez.
Pasini, Willy (1996), Intimidade, muito além do amor e do sexo. Rio de Janeiro: Rocco.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

XV JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS

COMENTÁRIO: “IGUAL SEM IGUAL”
Compassos Cia. de Danças
A “Compassos Cia. de Danças” apresentou, terça-feira (27/01) às 20h30min, no Teatro Barreto Júnior, o espetáculo intitulado “Igual sem Igual”, com direção, concepção e coreografia de Ivaldo Mendonça.
A direção de Ivaldo Mendonça deixa em destaque uma profusão de elementos escolhidos para compor o que seria o fio condutor de sua criação, “uma nova discussão sobre a desordem em que se encontra emergida a nossa sociedade [...]”. Desordens múltiplas, o espetáculo obviamente não as abarca todas, o que deixa transparecer que a falha é na escolha de um foco para o projeto.
A discussão de Mendonça pretende ir além, buscando “traduzir através da dança contemporânea, as distinções e as não-semelhanças desta desorientação aparentemente interminável”. A tarefa da tradução é árdua, principalmente, para um sistema aberto como a dança contemporânea. Ainda mais quando se busca traduzir o que parece ser análogo como “as distinções e as não-semelhanças desta desorientação [...]” da sociedade. A desorientação que Mendonça expõe em cena não está enfocada e “as distinções e as não-semelhanças” (o que são a mesma coisa) complicam essa que poderia ser a direção da pesquisa coreográfica. Parece haver problema na redação do release de “Igual por Igual”: confuso e sem uma revisão.
Apesar de uma ótima trilha sonora, originalmente composta para o espetáculo por André Freitas, o projeto coreográfico de Ivaldo Mendonça não a valoriza. Muitas vezes a música não parece ambientar de forma personalizada o espetáculo, onde deixa parecer que o compositor trabalhou separadamente em seu estúdio e o coreógrafo no dele. O que não é um problema, no entanto, a direção de Mendonça destaca essa distinção de linguagens – que não parece ser a proposta.
A coreografia de Ivaldo Mendonça apresenta momentos interessantes e outros previsíveis. Está bem defendida pelo elenco que se mostrou eficiente, com destaque para o elenco feminino, composto pelas bailarinas Elis Costa, Janaína Gomes e Patrícia Costa. Gervásio Braz ainda parece tímido na exploração das qualidades de movimento propostas por Mendonça, e Raimundo Branco se mantém tímido e como um elemento de destaque – o que, pela direção de Mendonça (com assistência de Sandra Rino), não se entende a razão, deixando parecer que o bailarino foi “poupado” em cena.
Sandra Rino também assina os figurinos, que permitem bem a movimentação dos bailarinos. O design de Rino parte para uma opção casual, simples e mereciam uma pesquisa ou tratamento estético mais apurado. Ainda com relação ao figurino, pelas cores entre tons de cinza, preto e poucos brancos, há conflito com a opção cenográfica do espetáculo, onde a rotunda preta esconde ou não destaca os movimentos dos bailarinos e, por conseqüência, eles mesmos – o que também não parece ser uma proposta.
O plano de luz e execução de Eron Villar também é simples e não é inovador, mas é coerente com a proposta do espetáculo.
O espetáculo teve uma apresentação marcada por uma platéia complicada. Nela havia pessoas “de dança” e “de teatro”, o público em geral e, surpreendentemente, algumas crianças e uma maioria formada por estudantes do Pró-Jovem que, apesar de estarem lá por conta de uma iniciativa desse importante programa nacional de formação, em sua grande parte, infelizmente, pareciam não terem tido nenhuma informação dos seus instrutores sobre como se comportarem em uma sala de espetáculos.
Essa “mistura” interessante cedeu espaço a um “espetáculo” paralelo ao do palco na platéia: fenômenos sonoros à parte da trilha musical: manifestações de entusiasmo, celulares que tocavam (e eram atendidos!), comentários, conversas e até gritos; luzes de celulares; cabeças e troncos que se mexiam constantemente nas cadeiras e que, devido a pouca inclinação da platéia do teatro, exigia ajustes corporais para a observação do espetáculo. Logo, apesar de não ser interativo, o espetáculo parecia contar com coreografia no palco e na platéia (!).
Em linhas gerais, “Igual por Igual” inicia bem, apesar das interferências incontáveis da platéia, mas se perde o foco de atenção logo na segunda cena pela previsibilidade das escolhas da direção, principalmente pelas qualidades de movimento do projeto coreográfico que sempre variam nas afinidades entre o forte e rápido ou o lento e suave. Elementos como luz, figurino, cenografia e, por vezes, a música, parecem acompanhar essa direção.
O problema que de fato chama a atenção no espetáculo é a metodologia da concepção de Mendonça, que deixa escapar uma orientação, foco ou “afunilamento” no tratamento do tema por ele ser muito amplo – a desordem ou desorientação da sociedade - nas escolhas dos elementos e, principalmente, na pesquisa corporal desse tema. Há excesso nos elementos e uma preocupação maior com as formas que deixam o conteúdo em segundo plano, o que, por um tema que deveria exigir reflexão, o conteúdo deveria ser uma prioridade ou “andar junto” com a forma na pesquisa.
“Igual por Igual” promete ser diferente, mas, como em outros trabalhos de dança contemporânea, deixa a desejar no caminho entre a concepção do tema e a forma de realizar a pesquisa, o que acarreta – invariavelmente - em problemas na configuração da obra, independente da boa qualidade de alguns de seus elementos.

COMENTÁRIO: “IMAGENS NÃO EXPLODIDAS”
Cia. Etc de Dança
“Imagens não explodidas” é o título do espetáculo da Cia. Etc de Dança, apresentado às 19h do dia 28, no Teatro Apolo. Com direção e coreografia de Marcelo Sena (que também assina a trilha sonora original), o espetáculo tem o título tirado dos estudos de Sena em Música e sobre o trabalho do filósofo Giovanni Pianna.
Com uma direção bem cuidada, os elementos escolhidos por Sena para compor “Imagens...” são coerentes. Alguns conceitos da música e suas relações com o pensamento coreográfico, como “tempo, harmonia, sincronia e intensidades [...]” foram trabalhados, e Sena expõe que sua proposta é buscar “[...] pontos que possam convergir ou divergir no encontro dessas duas linguagens”. Entretanto, o que se observa, em grande parte, são apenas pontos de convergência, o que deixa o espetáculo parecer monótono.
As transições de cena são todas pontuadas por “black outs” longos, acarretando em uma certa perda na dinâmica do espetáculo e previsibilidade, deixando parecer que as cenas foram construídas como exercícios coreográficos. O que não é um problema, embora a atmosfera de estudo seja muito pontuada e levada à configuração do espetáculo.
A direção de Sena consegue contemplar a proposta de forma direta e despretensiosa. Entretanto, sem muito arrojo, o que acontece também coreograficamente e musicalmente. Nesse sentido, a coreografia de Sena trabalha com os conceitos que propõe de forma usual e sem surpresas. Talvez porque a proposta do espetáculo não seja inovadora e essa estratégia de criação já tenha sido um foco das pesquisas em dança pelos artistas do Judson Dance Theater nas décadas de 1960 e 1970, de outras formas, inclusive, mais interessantes.
Coreograficamente, a exploração de Sena poderia ter ido mais longe. Apesar de cumprir com o que se propõe a fazer, a coreografia é simples. Musicalmente, a trilha minimalista também cumpre sua tarefa, entretanto, pontua a atmosfera didática do espetáculo.
A opção do figurino – preto - reafirma a coerência do que parece ser uma escolha de um aspecto básico ao espetáculo. A luz de Luciana Raposo é eficiente, e os bailarinos – Sena e José W. Júnior - defendem bem a proposta.
“Imagens não explodidas” consegue atingir seu objetivo com simplicidade. O único ponto de ressalva é a exploração e a construção do tratamento do corpo no espetáculo, que poderia ter sido mais densa ou mesmo ter buscado uma distinção ou um caminho mais autoral.

COMENTÁRIO: “Coreológicas Recife”
Acupe Grupo de Dança
Interatividade foi a palavra que marcou a apresentação do Acupe Grupo de Dança, nesta quinta-feira, dia 29, às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho. Auxiliado pela estrutura do próprio teatro, o espetáculo “Coreológicas Recife” parece ter agradado o público presente, com uma forte presença de bailarinos, algumas crianças e o público em geral.
Com coreografia e direção de Isabel Marques, a idéia central do espetáculo é interagir ludicamente com a platéia, com um “[...] cunho explicitamente educativo, trabalhando de forma diferenciada os conceitos de Rudolf Laban na dança contemporânea”.
Com cenas que são divididas por uma estrutura facilmente reconhecível, Marques utiliza a trilha sonora para diferenciar uma cena da outra, onde uma música sempre se repete na transição das cenas e pontua o início da próxima. Como uma grande celebração, o público inteiro é convidado a entrar no jogo. Marques atinge seu objetivo com muito sucesso: mesmo com alguns membros da platéia com certo desejo de não participarem corporalmente da realização das propostas interativas – ou por medo, ou por inibição, ou mesmo por impossibilidade – o espetáculo não perdeu sua dinâmica.
A própria presença do corpo que assiste e ocupa o espaço delimitado pela rede, faz alusão ao corpo interage construindo o pensamento acerca do que assiste, buscando atentamente a compreensão das “coreo-lógicas” trabalhadas em cena. Entretanto, a direção parece não levar em conta a possível presença de pessoas com problemas ou deficiências físicas: o fato de todos entrarem “em cena” e terem de se sentar no chão já limita o tipo de público a que o espetáculo é dirigido, eliminando pessoas com certa obesidade, problemas de coluna, joelho, entre outros (como aconteceu comigo, que senti incômodo, a certa altura do espetáculo, por estar sentado no chão, devido ao meu problema de hérnia de disco). Por ter um “[...] cunho explicitamente educativo [...], essa é uma falha que deveria ser repensada.
Mesmo com essa que parece ser uma falha na direção, a coreografia de Marques agrada e está bem defendida pelo elenco formado pelos bailarinos Kiser, Paulo Henrique (também diretor da companhia), Roberta e Mieja. Destaque para as bailarinas Mieja, por sua neutralidade em cena e performatividade, e Roberta, por sua ótima qualidade na execução dos movimentos.
A luz, assinada por ..., contempla bem a proposta do espetáculo, assim como a cenografia de ... e a música de Marcelo Sena.
Laban deve estar feliz com a forma que Marques trabalha seus conceitos. O espetáculo é mesmo dança-educativo e os conceitos de peso, espaço, tempo, fluxo e qualidades de movimento estão lá, mesmo que não se quisesse trabalhar com elas. Essas qualidades de movimento, no entanto, deveriam ser um maior foco de atenção no estudo dos bailarinos, onde a execução, por vezes, deixa escapar um cuidado que deveria ser especial nessa que é a proposta de Marques.
“Coreológicas Recife” diverte e é “leve”. Sua preocupação com o trabalho educativo através da dança é de grande importância para os estudos em Dança e em Educação, e pode potencialmente dar origem a outras pesquisas nessas áreas.

COMENTÁRIO: "Vire ao Contrário"
Cia. Qualquer Um dos Dois
Com coreografia e direção de Jailson Lima, o espetáculo “Vire ao Contrário”, da Cia. Qualquer um dos Dois foi apresentado no Teatro Apolo, no “XV Janeiro de Grandes Espetáculos”, em Recife (PE).
“Vire ao Contrário” apresenta uma proposta ambiciosa para qualquer projeto coreográfico: “mergulhar nas relações humanas através da dança contemporânea”. E não se realiza. As relações são muitas e o enfoque dado não fica claro.
A princípio, não se observa relação entre o título do espetáculo e o que é apresentado: a não ser em um plano de análise excessivamente metafórica do título, deixando margem para muitas leituras subjetivas, inclusive, de gênero, já que o espetáculo tem um elenco exclusivo de rapazes – o que é o grande trunfo e surpresa do espetáculo, para uma companhia de dança formada no interior de Pernambuco – uma grande atitude política.
Outro ponto importante é a questão do projeto coreográfico, onde a escolha de um vocabulário técnico-estético não foi apropriada para o elenco. Bailarinos promissores, entretanto, o projeto coreográfico não os contempla: a coreografia de Jailson Lima peca pelos excessos de elementos - tanto de movimentos quanto de adereços.A luz, as transições de cenas e o figurino, apesar de não apresentarem inovação alguma, são eficientes e coerentes. A trilha sonora, em sua maior parte, composta por músicas de Moby, causa uma sensação de flutuação, onde parece ter sido forçadamente encaixada na proposta. Além disso, deixou incomodar o fato de que parecia haver um problema no equipamento ou na mídia de som utilizada, com interferências nas músicas, especialmente na segunda metade do espetáculo.O saldo da apresentação é mediano, prejudicado pelas escolhas da direção, principalmente na questão do sistema técnico-estético, que prejudica a qualidade dos bailarinos e, por conseqüência, do espetáculo.Ponto positivo e digno de destaque e aplausos: a presença de homens – e muitos – em cena. E o fato de haver uma companhia de dança inteiramente formada por eles, principalmente, no contexto ou ambiente em que está inserida. Esta é uma iniciativa poderosa, que pode vir a servir de objeto para estudos de política e de gênero na Dança, tão recorrentes na contemporaneidade. Nesse sentido, a companhia mostra de forma explícita e brilhante o que o release do espetáculo promete: “a condição do homem diante dos conflitos e das possibilidades de escolhas, tantas vezes resistindo a mudanças”.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

XV JANEIRO DE GRANDES ESPETÁCULOS - RECIFE - PE

Musicais, comédias, fábulas, histórias verídicas, clássicos da dramaturgia e o melhor da dança contemporânea e popular compõem a programação para agradar a todas as idades e gostos.

A maior e mais importante mostra de artes cênicas do Estado de Pernambuco comemora sua décima-quinta edição de 14 a 31 de janeiro de 2009. Em pleno período de férias, o objetivo do evento é reunir as mais significativas produções pernambucanas de teatro e dança que cumpriram temporada no ano anterior e alguns espetáculos convidados de outros Estados [incluindo duas atrações internacionais vindo da Galícia], com ingressos a preços populares [R$ 5 e R$ 10 nos teatros do Parque, Apolo, Hermilo Borba Filho, Armazém e Barreto Júnior; e R$ 15 e R$ 7,50 no Teatro de Santa Isabel], além de premiar as melhores realizações locais com o Troféu Apacepe de Teatro e Dança. Também serão promovidas oficinas de reciclagem, seminário sobre o teatro latino-americano [este em parceria com o Colaborativo Permanência], o projeto Reciclarte 4 [em parceria com o Grupo Experimental] voltado para profissionais da dança, lançamento da nova edição da Revista Folhetim [RJ], entre outras atividades extras, e uma festa de confraternização . Das produções de fora, a organização priorizou montagens de Estados que têm recebido nossas produções locais em festivais nacionais, já que um dos objetivos do evento é esse intercâmbio, com indicação dos principais curadores do país que vêm sendo convidados para cá.
Ao todo, serão 51 apresentações de 43 espetáculos no Recife e Olinda [nesta última cidade, totalmente gratuitas], incluindo dois shows musicais e uma parceria com o Sesc Santo Amaro que vai possibilitar uma série de atrações gratuitas. Este é um projeto da Apacepe [Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco], numa realização dos produtores Carla Valença, Paula de Renor e Paulo de Castro, com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, Prefeitura do Recife, Funarte, Caixa Econômica Federal e Prefeitura de Olinda, com apoio da Gráfica Santa Marta, Rede Globo Nordeste, Centro de Diversidade Cultural Teatro Armazém, Sesc/PE e Sated/PE. A homenagem deste ano será para Leda Alves, atriz e uma das fundadoras do extinto grupo Teatro Popular do Nordeste [TPN], atuante nas décadas de 1960 e 1970 sob a liderança do saudoso teatrólogo Hermilo Borba Filho.


MAIORES INFORMAÇÕES: 81 34233186/ 81 34218456

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

ARTIGOS INTERESSANTES

DA POTÊNCIA AO ATO. DA IDÉIA PARA A AÇÃO: O CORPO EM ESTADO DE DEFINIÇÃO
Por Jussara Sobreira Setenta
"A comunicação pretende anunciar que o corpo ao dançar configura uma ação que implica em seu próprio pensamento. Através de mediações que se apresentam como organização, encontram-se crenças e hábitos de ações dispostos nas relações entre o interior e o exterior".
Para acessar o artigo na íntegra (em formato PDF), acesse o link:
A EDUCAÇÃO E A FÁBRICA DE CORPOS: A DANÇA NA ESCOLA
por Márcia Strazzacappa
"O movimento corporal sempre foi dentro do espaço escolar uma moeda de troca. A imobilidade física funciona como punição e a liberdade de se movimentar como prêmio. Estas atitudes evidenciam que o movimento é sinônimo de prazer e a imobilidade, de desconforto. Mas se é através do movimento que o indivíduo se manifesta, que indivíduos iremos formar se impedimos sua expressão? O presente texto abordará a questão da introdução da dança no espaço escolar, relatando e refletindo sobre o trabalho que é desenvolvido no curso de Licenciatura em Dança da Unicamp e partilhando das experiências de professores da rede de ensino que fizeram o curso de “atividades corporais artísticas para professores da educação formal” em Tupã (SP)".
Para acessar o aretigo na íntegra (em formato PDF), acesse o link: